Relembre o desfile da Águia de Ouro-Campeã do Carnaval 2020

Grêmio Recreativo Cultural Social Escola de Samba Águia de Ouro conquistou o título do carnaval de São Paulo com 269,9 pontos, com o enredo “O Poder do Saber – Se saber é poder… Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”
Foi a 5ª escola a desfilar na noite de Sábado (22).
A Agremiação fez um desfile bastante crítico, mostrando no Anhembi as dificuldades encontradas pela busca do conhecimento.
O Educador Paulo Freire foi citado muitas vezes no decorrer do desfile, a Arquibancada respondeu gritando o nome do educador por centenas de vezes.

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Carnaval 2021

Águia de Ouro será a 4a escola a desfilar no sábado


Enredo:  “Afoxé de Oxalá – No ‘Cortejo de Babá’, Um Canto de Luz em Tempo de Trevas”, inspirado na música “No Cortejo de Baba/Afoxé de Oxalá”, ijexá composta pelo historiador e professor Luiz Antônio Simas.

 

Sinopse do Enredo
“Afoxé de Oxalá – No ‘Cortejo de Bàbá’ Um Canto de Luz em Tempos de Trevas”
Sob a luz do carnaval, o G.R.C.S.E.S. Águia de Ouro pede agô às energias ancestrais e declara todo o seu orgulho como eterna guardiã da cultura afro-brasileira.
Desta maneira, orgulhosamente, fazemos do nosso desfile para o carnaval 2021 verdadeiro afoxé – cortejo – de exaltação à diversidade étnica, ode à pluralidade cultural e manifesto contra a intolerância religiosa. Afinal, somos frutos de um país miscigenado na pele e sincretizado na fé!
Que Oxalá atenda ao clamor de sete iaôs… Que o Grande Pai derrame sua luz sobre nós… Que saibamos pedir, mas também agradecer… Que seu Alá nos cubra com a profunda e verdadeira paz!
Axé, Águia de Ouro!
Xeu Êpa, Bàbá!

Evocação
– Be wi rò ko Ájàlá (Oxalá… Suplicamos que venha nos trazer a paz)
– Mò rò Bàbá e ye (Pai… Queremos sua paz em nossa vida)
Compadecidos dos rumos sombrios da humanidade, carregando a fé ardente de quem vive e conhece os caminhos do axé, assim clamaram setes iaôs – iniciados no candomblé e filhos do grande pai funfun… Orixá da criação… Senhor de sabedoria ancestral… Guardião da paz…
Orixalá – O Grande Orixá!
– Bàbá o ké di am-nó re ki Ájàlá (Pai Supremo, saudamos a sua misericórdia, saudamos Oxalá) Num gesto de amor e proteção, Oxalá – unindo o Orum ao Ayê e emanando intensa luz – baixa em Terra, bate três vezes seu opaxorô, e diz:
– Óh, filhos meus… Se clamam por misericórdia e paz, somente há um caminho a seguir: Ouçam a voz da energia ancestral emanada no ritual das Águas de Oxalá e conhecerão um intenso canto de luz… Peçam com toda a fé que houver em seu coração e – somente pelas bençãos celestiais –a luz triunfará sobre as trevas!
Águas de Oxalá
Ó fúruù lóòréré o Àilaá Bàbá
(O grande Pai Oxalá aparece no horizonte trajado todo de branco!)
Oxalá, saudoso de seu amigo Xangô, decide visitá-lo… Após longas paragens, finalmente chega   ao distante reino de Oyó. Ainda na fronteira, reconhece – perdido – o cavalo branco que ele mesmo havia presenteado o rei. Afinal, na África somente os grandes reis possuíam cavalos… Eis  que o animal passa a segui-lo e, desta maneira, os guerreiros de Xangô confundem Oxalá com um ladrão e o prendem. São sete anos de prisão. Neste período, Oyó padece da fome, da peste, as chuvas não caem e o fim era iminente… Xangô decide consultar Ifá, que revela o motivo de
tantas mazelas em seu reino: um inocente estava preso em seus domínios. Manda então vasculharem as prisões e descobre o grande equívoco ocorrido com Oxalá.
Curvando-se ao orixá funfun, Xangô roga piedade e misericórdia ao povo de Oyó. Ordena a todos que se vistam de branco e que tragam águas das mais límpidas fontes, três vezes, para lavar o Grande Pai. Ao retornar para o seu reino – Ejigbó – Oxalá foi celebrado e recebeu um banquete com seu prato predileto – o inhame – como prato principal. A felicidade voltou a reinar em Oyó e Ejigbó.
Assim, respeitosamente, essa passagem da vida de Oxalá é revivida no ritual das Águas de Oxalá!
Cumprido o ritual com sagrada e usual reverência, é concedido aos sete filhos do Grande Orixá a dádiva de ouvir, conhecer e propagar o entoar do ‘canto de luz’, dedicado à sagração às duas principais qualidades de Oxalá – Oxalufã e Oxaguiã –, que trará alento aos mortais sedentos de amor, respeito e esperança… Eis o único caminho para a conquista da paz profunda e verdadeira!
Canto de Luz – Sagração à Oxalufã e à Oxaguiã
Bàbá é Senhor idoso
É o Moço que faz a guerra
É o ar que alimenta o fogo
É a chuva que molha a terra
Cajado e Opaxorô
Bàbá me estenda a mão
Alivia minha dor enquanto pila o pilão
O canto de luz, ouvido pelos sete iaôs após o ritual das Águas de Oxalá, traz o amor de Oxalufã….
Oxalufã – velho e paciencioso – é dono de sabedoria ancestral, haja visto que recebeu a missão de criar não somente o universo, como todos os seres, todas as coisas que existiriam no mundo.
Para que cumprisse sua missão foi dotado de duas poderosas forças: o poder da perpetuação e o poder da realização. Saudar Oxalufã – o Grande Pai – é um ato de amor. Amor pela humanidade. Criar os seres humanos não é o que faz de Oxalufã o pai da humanidade. Sua  proteção constante, seus cuidados, é o que faz dele o Grande Pai. Oxalá é pai que ama, que acalenta, aconselha e mostra o caminho do bem. É pai a vida inteira – dos filhos que erram e dos
filhos que acertam – que perdoa porque ama, porque é Pai!
O canto de luz, entoado pelos sete iaôs após o ritual das Águas de Oxalá, traz o respeito de Oxaguiã….
Oxaguiã – jovem e guerreiro – defende o respeito, pois carrega consigo a contradição básica de todo ser: ser igual na essência, mas diferente na aparência. Superar essa guerra e viver em comunhão é o grande desafio deste orixá. A guerra pela comunhão parece contraditório, mas é importante destacar que Oxalufã luta para que todos estejam unidos em torno de um mesmo diálogo, para que o respeito às diferenças possa prevalecer e a paz seja a bandeira de todos os homens.
O canto de luz em sagração à Oxalufã e Oxaguiã nos preenche de esperança… Esperança de misericórdia, esperança nas bençãos de Oxalá, esperança por dias de paz… Esperança!
Oferendas.
Do alto de sua sabedoria ancestral, Oxalá segue nos ensinamentos a serem repassados aos seus filhos, para que esses façam do canto de luz do orixá funfun o triunfo daqueles que buscam a paz como fim dos dias de trevas. Placidamente, diz Oxalá:
– Óh, filhos meus… O equilíbrio, no axé, se faz de muitas maneiras… Todas elas ricas e valorosas…
Das mais belas e sublimes está o ato de saber pedir, mas – sobretudo – saber agradecer… Vocês entoaram o canto em sagração à Oxalufã e Oxaguiã, e louvar ao sagrado em súplicas é preciso; mas, para que seus desejos sejam alcançados, consagrem sua fé em oferendas… E eu vos darei toda a minha misericórdia aos homens!
Assim, em profunda reverência ao Grande Pai, os filhos-de-santo se curvam aos preceitos do divino orixá. Afinal, é preciso compreender que os orixás devem ser agradados para que seus desígnios recaiam sobre nós!
Que se façam as oferendas funfun… Muito ebô, acaçá, igbin e inhame pilado!
Regozijo em Oxalá

Ó fí là aláyé ó… Iré ilé awá
(Oh! Senhor do mundo que usa Alá… Faça nossa casa feliz)
E assim, louvado pelos seus, Orixalá – O Grande Pai Funfun – se compadece da humanidade assombrada pelas trevas e cobre a todos com seu imaculado Alá – sagrado pano branco – que nos protege e faz sentir sua assombrosa força, inundando-nos na mais profunda e verdadeira paz.
Oxalá, altivo e orgulhoso dos sete iaôs – invocadores do canto de luz – convoca um xirê dos orixás para reunir as forças do Orum e decretar o fim dos dias sombrios… Pois onde estiver Oxalá no comando, a luz se fará presente… A luz que se propaga pelo ar, elemento de seu domínio… O ar que nos sustenta no chamado… Sopro da vida!
Xeu, Êpa, Bàbá!
Sidnei França – Carnavalesco – 20 de Maio de 2020